Veja setores que mais devem ser afetados após alta dos juros a 14,25%

Os setores de transporte, propriedades comerciais e agronegócio devem ser os mais afetados pela elevação das taxas de juros, após mais um aumento de 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano, decidido nesta quarta-feira (19) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

A avaliação é de um relatório da Íntegra Associados com base em informações públicas.

Segundo o documento, com a projeção da Selic a 15% até o final do ano divulgado pelo último boletim Focus, o custo do crédito se torna um obstáculo significativo para empresas e consumidores.

Isso gera como consequência uma redução dos investimentos e restringe o crescimento econômico.

Além disso, a inflação impulsionada pela alta do dólar e os aumentos dos custos de energia e combustíveis também pressionam as margens das empresas, conforme a Íntegra Associados.

Dessa maneira, o varejo, construção civil e transportes enfrentam dificuldades cada vez maiores para manter suas operações sustentáveis, por serem mais dependentes de financiamento para adquirir seus insumos e infraestrutura.

Ainda, as empresas de transportes passam por outro fator: uma alavancagem financeira significativa, com muitas dívidas atreladas ao CDI, o que torna as empresas desse segmento vulneráveis ao aumento dos juros.

Por outro lado, setores como exportação de commodities e serviços essenciais (como saúde e alimentos) tendem a ser menos impactados, ao terem maior previsibilidade de receita ou se beneficiam da desvalorização cambial, explicou Renato Franco, sócio fundador da Íntegra Associados, em entrevista à CNN.

Veja lista completa de setores que devem ser afetados pela alta dos juros:

  • Transportes;
  • Propriedades comerciais;
  • Agronegócios;
  • Saúde;
  • Aviação;
  • Varejo;
  • Construção Civil.

Juros e Recuperação Judicial

Renato Franco, sócio-fundador da Íntegra Associados, pontua ainda que o alto nível atual dos juros não é necessariamente insustentável para a economia, desde que cumpra seu papel até que os devidos ajustes sejam feitos e que a duração da alta não se estenda demasiadamente.

Porém, esse cenário acaba se tornando insustentável para as empresas que dependem de financiamento ou que já estão altamente endividadas, “o que se traduz em um aumento nos pedidos de recuperação judicial e, em casos mais graves, em processos de liquidação ou falência”, diz.

Ou seja, as empresas presenciam sua gestão de caixa diretamente afetada, à medida que mais dinheiro é consumido para pagar os juros das dívidas já existentes ou para as linhas de crédito necessárias para financiar as necessidades.

No ano passado, foram registrados 2.273 pedidos de recuperações judiciais, conforme dados do Indicador de Falência e Recuperação Judicial da Serasa Experian. Esse foi o mais alto índice contabilizado desde o início da série histórica e representa um aumento de 61,8% em relação a 2023.

“Para mitigar esses riscos, muitas empresas buscam reestruturar suas dívidas, alongar prazos e diversificar fontes de financiamento, como emissão de títulos de dívida ou captação via equity”, concluiu Franco.

Ainda na avaliação da Íntegra Associados, o patamar crescente das recuperações judiciais deve se manter nos próximos anos, chegando ao número de 2.555 em 2027, com uma Selic projetada a 12,7% no período.

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