Por racismo, clubes brasileiros podem deixar a Conmebol? Entenda
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, sugeriu que os times brasileiros deixem a Conmebol para atuar nas competições da Concacaf, a confederação que abriga os times da América do Norte, Central e Caribe.
Para Felipe Crisafulli, especialista em direito desportivo, a mudança não é simples, mas sim, bem rara. “Nós precisaríamos, primeiro, que a CBF deixasse de estar vinculada a sua associação membro, a Conmebol, e passasse a estar vinculada à Concacaf”, comentou.
A mudança geográfica surge em um momento de crise: após um caso de racismo contra jogadores do Palmeiras na Copa Libertadores Sub-20, a Conmebol puniu o Cerro Porteño a pagar uma multa de 50 mil dólares. O Alviverde achou a punição branda.
Nesta segunda-feira (17), Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, afirmou que a entidade pretende tomar medidas contra o preconceito com as entidades esportivas e governos locais. Porém, no mesmo dia, Domínguez comparou os brasileiros a uma macaca ao ser questionado sobre a ausência de times brasileiros nas competições sul-americanas. Com a repercussão negativa, o cartola se desculpou.
Mudança rara
“Para os clubes brasileiros poderem disputar as competições da Concacaf, nós precisaríamos, primeiro, que a CBF deixasse de estar vinculada a sua associação membro, a Conmebol, e passasse a estar vinculada à Concacaf. Isso demandaria um pedido formal da CBF à Fifa, mais a aprovação dessas mesmas entidades de âmbito continental e, aí sim, essa alteração ocorrer”, afirmou o especialista.
A CBF cobrou a Conmebol por uma ação contra o racismo, porém em nenhum momento se manifestou sobre uma possível saída da entidade.
Não há no regimento da Conmebol a previsão de que uma confederação de um dos dez países membros deixe a entidade por conta de casos de racismo.
“Porém, essas alterações de uma associação membro de uma entidade continental para outra, elas são bem raras. Temos, por exemplo, o caso da Austrália, mas isso se deveu a uma especificidade da Oceania em que, o futebol daquele país, é muito mais desenvolvido que o futebol dos demais membros do que a confederação daquela região do planeta”, disse Crisafulli.
Em 2005, a Austrália negociou a saída da Confederação de Futebol da Oceania rumo a Confederação Asiática de Futebol. Os pedidos para ambas confederações foram aprovados por unanimidade e, em 2006, a Fifa aprovou a troca.
Outro caso conhecido é do futebol israelense. Entre 1954 a 1974, a Associação de Futebol de Israel fez parte da Confederação Asiática de Futebol. Com pressão de países árabes e muçulmanos por questões religiosas e dos conflitos armados no Oriente Médio, Israel ficou 20 anos fora de qualquer confederação até que, em 1994, o país teve seu acesso à UEFA, a confederação europeia, aprovado.
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