Museu do Chipre exibe raros tesouros religiosos recuperados após saques

Um museu inaugurado nesta semana no Chipre exibe obras de arte cristãs primitivas de valor inestimável, muitas das quais recuperadas após serem roubadas de igrejas no norte da ilha dividida pela guerra.

O Museu Bizantino da Fundação do Arcebispo Makarios 3º foi inaugurado em 18 de março na capital Nicósia, após cinco anos de extensas reformas. Ele apresenta mosaicos, ícones e afrescos que representam algumas das melhores e mais raras obras do cristianismo primitivo.

Muitas das peças expostas foram saqueadas por contrabandistas após uma invasão turca em 1974, desencadeada por um breve golpe de inspiração grega, e traficadas no mercado negro.

Ao longo dos anos, autoridades cipriotas rastrearam obstinadamente e recuperaram várias obras roubadas, colocando-as em museus que esperam ser temporários, caso um dia as negociações de paz permitam que a ilha se una novamente.

“O saque e a destruição foram em grande escala”, disse o diretor do museu, Dr. Ioannis Eliades. “Calculamos que mais de 20.000 ícones foram roubados e desapareceram das igrejas.”

“Ainda estamos procurando por eles.”

O museu inclui mosaicos raros do início do século 6 d.C., instalados em uma reprodução de uma abside, como era a original, da Igreja de Panagia Kanakaria em Lythrangomi, no norte de Chipre.

Mesmo antes da guerra, o mosaico foi bem documentado pelos arqueólogos como uma rara obra de arte que sobreviveu à iconoclastia — quando o uso de imagens religiosas foi proibido pelos imperadores bizantinos em toda a região.

Mas a representação de Cristo, da Virgem Maria, dos arcanjos e dos apóstolos foi arrancada das paredes no final da década de 1970, cortada em pedaços e vendida no mercado negro. A maioria das peças foi descoberta mais tarde em coleções particulares e recuperadas pelo Chipre após um processo judicial.

Eliades espera que o museu inspire as pessoas e as eduque sobre a extensão dos danos causados ao patrimônio cultural do Chipre pelo conflito.

“Queremos que a nova geração entenda o que aconteceu em nossa ilha e por que é importante proteger até mesmo a menor peça que podemos trazer (para casa).”

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