Guararapes bate o mercado de novo, com expansão de vendas e margens
A Guararapes reportou mais um trimestre de forte aceleração das vendas e expansão na margem bruta, ainda colhendo os frutos de mudanças operacionais implementadas nos últimos dois anos.
A dona das Lojas Riachuelo entregou uma receita de R$ 3 bilhões no quarto tri, um crescimento de 10,8% ano contra ano. O ‘same-store sales’ de mercadorias subiu 13,9% – a maior expansão do setor – com a companhia ganhando market share.
Na rentabilidade, o resultado superou as projeções do sellside.
A Guararapes entregou uma margem bruta consolidada de 58,7%, um aumento de 1,3 ponto percentual; os analistas projetavam 58%. Já o EBITDA veio em R$ 569 milhões, comparado a um consenso de R$ 527 milhões.
“Crescer receita com margem é uma equação que nem sempre é fácil, mas temos conseguido sustentar isso,” o CEO André Farber disse ao Brazil Journal. “É isso que tem gerado essa expansão enorme do EBITDA, junto com uma gestão disciplinada da alocação de capital e do capital de giro.”
O lucro líquido do quarto tri ficou em R$ 249 milhões, uma alta de 43%, enquanto o lucro do ano foi de R$ 235 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 89 milhões em 2023.
Farber disse que a expansão da receita tem vindo basicamente de ganhos de volume, com a companhia optando por não aumentar preços no ano passado.
Quando assumiu o comando, em maio de 2023, Farber fez uma pesquisa no mercado e descobriu que os consumidores tinham a percepção de que os produtos da Riachuelo eram caros.
“Essa percepção era por vários motivos: pela competição, porque o consumidor estava com o bolso apertado pós-pandemia e porque a inflação estava alta,” disse ele. “Logo em junho remarcamos alguns preços para baixo, de 5% a 15% dependendo do produto, e isso já gerou resultados muito melhores.”
Segundo ele, o ano passado foi de manutenção dos preços, e agora a Riachuelo já vê algum espaço para repasses pontuais.
“Em 2025 vemos espaço para aumentos, mas melhorando o conteúdo dos produtos e das lojas. Com coleções novas e produtos com novas tecnologias, novos tipos de tecido, que naturalmente têm um tíquete maior,” disse ele.
O resultado da Riachuelo foi ajudado pela Midway, a financeira do grupo, que entregou quase R$ 100 milhões de EBITDA no quarto tri e R$ 404 milhões no ano.
No ano, o EBITDA mais que dobrou (107%), enquanto no trimestre sofreu uma queda de 20,8%.
O CFO Miguel Cafruni disse que a queda no trimestre teve a ver com o aumento do índice de cobertura – as provisões divididas pela inadimplência – que saiu de 93,4% no segundo tri para 98% no terceiro e 102% no quarto.
Como cada ponto percentual de aumento da cobertura equivale a R$ 10 milhões, o aumento da cobertura do terceiro para o quarto tri gerou um impacto de R$ 50 milhões no EBITDA.
“Nossos índices de inadimplência de curto e longo prazo estão excelentes e não vemos nenhum sinal de piora. Mas tomamos essa decisão gerencial de criar esse colchão a mais para o caso de uma piora no futuro,” disse o CFO.
A Guararapes também entregou uma redução significativa da sua dívida líquida, que fechou o ano em R$ 499 milhões, uma alavancagem de apenas 0,3x EBITDA. Há um ano, a dívida líquida estava em R$ 1 bi.
Miguel disse que a companhia pré-pagou R$ 500 milhões de dívidas em setembro e deve pré-pagar outros R$ 350 milhões nos próximos meses.
A meta é terminar o ano com uma posição de caixa líquido. “Temos alavancas muito claras de redução da dívida. Vamos deixar a companhia mais leve em dívidas para aumentar nossa lucratividade,” disse o CFO.
A Guararapes fechou o dia valendo R$ 3,9 bilhões na Bolsa, com sua ação subindo 38% desde o início do ano.
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