Gaza: Ao menos 70 palestinos morreram em ataque de Israel nesta quinta (20)
Pelo menos 70 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos em ataques aéreos israelenses em Gaza nesta quinta-feira (20), depois que Israel retomou a campanha de bombardeios e operações terrestres no território, informou um oficial de saúde palestino.
Médicos afirmaram que ataques israelenses tiveram como alvo diversas casas nas áreas norte e sul da Faixa de Gaza. Após pedidos de comentários, militares israelenses declararam que estavam investigando relatórios.
O Exército retomou os ataques aéreos em Gaza na terça-feira (18) e lançaram operações terrestres na quarta-feira (19), efetivamente abandonando um cessar-fogo que estava em vigor desde janeiro.
As Forças Armadas de Israel (FDI) alegaram nesta quinta-feira (20) que estavam engajadas nas últimas 24 horas no que descreveram como uma operação terrestre direcionada para expandir uma zona que separa as metades norte e sul de Gaza, conhecida como corredor Netzarim.
Elas ordenaram que os moradores ficassem longe da estrada Salahuddin, a principal rota norte-sul, e afirmaram que a população deveria viajar ao longo da costa.
O primeiro dia de ataques aéreos retomados na terça-feira matou mais de 400 palestinos, um dos dias mais mortais da guerra.
No total, pelo menos 510 palestinos foram mortos nos últimos três dias, mais da metade deles mulheres e crianças, relatou Khalil Al-Deqran, porta-voz do ministério da saúde do território, à Reuters.
O grupo militante palestino Hamas declarou que a operação terrestre israelense e a incursão no Corredor Netzarim foram uma “nova e perigosa violação” do acordo de cessar-fogo de dois meses.
Em um comunicado, o grupo reafirmou seu comprometimento com a resolução de trégua e pediu aos mediadores que “assumissem suas responsabilidades”.
Acordo de cessar-fogo
Uma primeira fase temporária do cessar-fogo terminou no início deste mês.
O Hamas quer passar para uma segunda etapa prevista, sob a qual Israel seria obrigado a negociar o fim da guerra e a retirada de suas tropas, e os reféns israelenses mantidos em Gaza seriam trocados por prisioneiros palestinos.
O governo israelense ofereceu somente uma extensão temporária da trégua, cortou todos os suprimentos para Gaza e diz que está reiniciando sua campanha militar para forçar o Hamas a libertar os reféns restantes.
Máquinas e tanques
A retomada dos ataques aéreos fez com que moradores palestinos fugissem novamente para salvar suas vidas de suas casas que haviam começado a reabitar entre as ruínas do território devastado.
Alguns palestinos que tentaram usar a estrada Salahuddin contaram que viram veículos sendo atacados por tropas israelenses avançando em direção a Netzarim. O destino dos passageiros era desconhecido.
“Máquinas de demolição protegidas por alguns tanques estavam indo para o oeste, vindos das áreas onde estão estacionados perto da cerca a leste da estrada Salahuddin”, disse um motorista de táxi à Reuters, pedindo para não ser identificado por medo de represálias.
Segundo ele, ficou claro que os israelenses estavam avançando sobre Netzarim quando inspetores egípcios e estrangeiros estacionados lá sob o cessar-fogo se retiraram abruptamente.
Alguns moradores recorreram às mídias sociais para relatar o desaparecimento de alguns parentes, enquanto outros relataram casos ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Falando à Reuters nesta quinta-feira (20), um oficial do Hamas expressou que os mediadores intensificaram os esforços com os dois lados em guerra, mas acrescentou que “nenhum avanço foi feito ainda”.
O grupo palestino ainda não fez ameaças claras de retaliação em resposta à escalada israelense.
Questionado sobre o motivo pelo qual ainda não havia respondido, o oficial do Hamas declarou que estava “dando uma chance para as coisas serem contidas”.
Alguns moradores afirmaram que ainda não havia sinais de preparativos do grupo no local para retomar a luta.
Mas um oficial de um grupo militante aliado ao Hamas disse à Reuters nesta quinta-feira que os combatentes foram colocados em alerta máximo aguardando novas instruções.
“Combatentes e líderes da resistência também foram aconselhados a evitar o uso de celulares como forma de precaução”, explicou o oficial, que pediu para não ser identificado.
A guerra começou depois que militantes do Hamas atacaram comunidades israelenses em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, segundo contagens israelenses.
Mais de 49 mil palestinos foram mortos no conflito que se seguiu, conforme as autoridades de saúde de Gaza, com o território reduzido a escombros.
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