Em meio a tensão, Europa tenta se reposicionar rapidamente, diz professor
Em meio às tensões internacionais e às negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, a Europa busca se reposicionar rapidamente no cenário geopolítico.
Em entrevista à CNN, Pedro Brites, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, avalia que há um “otimismo cauteloso” em relação às negociações de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia.
O especialista explica que, embora haja sinais de que a Rússia possa aceitar um acordo, isso não seria incondicional.
“Existem algumas questões que a Rússia vai colocar em jogo para eventualmente aceitar esse acordo ou não”, afirma.
Entre as possíveis demandas russas, Brites menciona questões territoriais e o reconhecimento do domínio russo sobre regiões ucranianas. Além disso, o avanço das tropas russas sobre posições anteriormente controladas pela Ucrânia poderia favorecer a posição de Moscou nas negociações.
Reorganização europeia
O professor destaca que a Europa está se reorganizando rapidamente diante do atual cenário global.
“A gente viu uma Europa tentando se reorganizar rapidamente nesse sentido, os últimos encontros entre os líderes europeus e a tentativa de conseguir uma unidade da defesa continental, acho que me parecem bastante relevantes”, observa.
Brites menciona a discussão sobre a criação de uma força armada europeia e até mesmo o desenvolvimento de capacidades nucleares próprias. Segundo ele, essas iniciativas refletem a preocupação europeia com a possível diminuição das garantias de segurança oferecidas pelos Estados Unidos.
O especialista ressalta que a pressão por um cessar-fogo também é resultado dessa rearticulação europeia. Ele lembra que a reunião entre líderes europeus e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky foi crucial para que a Ucrânia mantivesse uma posição firme nas negociações, mesmo diante da possibilidade de redução do apoio americano.
“A Europa vai acabar sendo o ator central e ela vem tentando ganhar força nesse sentido, se articulando internamente”, conclui Brites, destacando o papel cada vez mais relevante do continente europeu no atual contexto geopolítico.
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