De tênis destruídos a direção criativa da Gucci: conheça Demna Gvasalia

Tudo mudou no mundo da moda italiana. A Gucci nomeou Demna Gvasalia como novo diretor criativo da marca, enquanto a casa de luxo em dificuldades busca mudar sua sorte.

Demna — que atende apenas pelo primeiro nome desde 2021 — começará no novo cargo no início de julho, confirmou o proprietário da Gucci, Kering, à CNN por meio de um comunicado à imprensa. No entanto, em um sinal de que os investidores não gostaram da nomeação, as ações da Kering listadas em Paris caíram acentuadamente no início do pregão de sexta-feira (14).

A nomeação ocorre depois que a Kering disse no mês passado que se separaria do ex-designer Sabato De Sarno, que atuou como chefe criativo da Gucci por apenas dois anos.

As vendas da Kering foram prejudicadas pelo fraco desempenho da Gucci, sua maior marca, respondendo por cerca de metade das vendas do grupo de luxo francês e dois terços dos lucros.

Para o ano inteiro de 2024, a receita da Kering caiu 12% para € 17,2 bilhões (R$ 106 bilhões), dos quais a Gucci foi responsável por € 7,7 bilhões (R$ 47 bilhões).

A Kering, que também é dona da Bottega Veneta, Saint Laurent e McQueen, elogiou a gestão de Demna na Balenciaga, onde ele foi diretor criativo desde 2015, durante a qual ele “redefiniu o luxo moderno, ganhando reconhecimento global e consolidando sua autoridade na indústria”, de acordo com uma declaração por e-mail.

O grupo não divulga os resultados financeiros da Balenciaga, que se enquadra na categoria “Outras Casas”, cujas receitas totalizaram € 3,2 bilhões (R$ 18 bilhões) em 2024.

Entre os campeões de vendas de Demna na Balenciaga estavam os tênis Triple S robustos e o tênis Speed com um ajuste tipo meia. Suas bolsas, incluindo o recente estilo Rodeo com Kim Kardashian em sua campanha e Le City, revivido dos anos 2000, também foram recebidas com considerável alarde. No entanto, o mandato de Demna não foi isento de controvérsias: em 2022, a Balenciaga recebeu ampla reação negativa após lançar uma campanha publicitária que foi vista como um endosso ao abuso infantil e à pornografia.

Após críticas furiosas online e um processo de US$ 25 milhões (R$ 143 milhões) contra a produtora por trás de uma delas, a Balenciaga admitiu “uma série de erros graves pelos quais [ela] assume a responsabilidade” e retirou as campanhas.

Demna também ganhou as manchetes com suas criações provocativas, como uma versão de US$ 2 mil (R$ 11,4 mil) a clássica bolsa azul da Ikea e tênis “destruídos” que saíram da caixa rasgados e desfiados por US$ 1,8 mil (R$ 10,3 mil).

François-Henri Pinault, presidente e CEO da Kering, disse que a contribuição de Demna na última década para o grupo e a marca foi “tremenda”, acrescentando que “seu poder criativo é exatamente o que a Gucci precisa”.

“O profundo entendimento de Demna sobre a cultura contemporânea, juntamente com sua vasta experiência na concepção de projetos visionários, o estabeleceu como um dos criativos mais influentes e talentosos de sua geração”, acrescentou Francesca Bellettini, vice-CEO da Kering responsável pelo desenvolvimento da marca.

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