Criador da série “The Chosen“ diz que fé não precisa de religião
A 5ª temporada da série “The Chosen”, um drama histórico que se baseia na história de Jesus, terá os dois primeiros episódios estreando nos cinemas em 10 de abril – antes mesmo de chegarem ao streaming próprio, com o mesmo nome da série, e ao Prime Video ainda este ano.
Diferente das temporadas anteriores, que cobriam anos da vida de Jesus, esta se concentra em uma única semana: da chegada em Jerusalém à Última Ceia, e os eventos que levam à crucificação e ressurreição.
Em entrevista à CNN, o criador da série, Dallas Jenkins, contou que o maior desafio foi contar uma história tão conhecida de forma humana e emocionante.
“Às vezes, pensamos nessas histórias como pinturas ou estátuas, mas elas são reais”, explica. “Queremos entender o que podemos aprender com essas histórias ou apenas curtir vê-las em um programa de TV, sem que pareçam algo distante de nós, mesmo que tenham acontecido há 2000 anos”.
Jenkins também comentou o fato de a série, que até hoje é uma produção independente, ter alcançado tantas pessoas, sejam elas fiéis ou ateus. Mas, para ele, não é necessário ter religião para se ter fé.
“A religião, às vezes, é algo criado pelo homem, uma tentativa da humanidade de alcançar Deus”, afirma. “Mas eu acredito que Deus é quem está nos alcançando. Ele não precisa da estrutura da religião organizada criada pelos homens. Ele quer nossos corações e um relacionamento pessoal.
Já são quatro temporadas, e parece que A Última Ceia é um desafio ainda maior. Como foi sua abordagem para contar essa história?
Dallans Jenkins: O que torna a quinta temporada desafiadora é que temos momentos famosos da Bíblia que todo mundo conhece, mesmo não acreditando. “A Última Ceia”, a entrada triunfal com os ramos de palmeira, Jesus irritado virando todas as mesas no templo. E, claro, Judas e sua traição. O desafio é personalizar esses momentos, torná-los humanos e emocionantes. Às vezes, pensamos nessas histórias como pinturas ou estátuas, mas elas são reais. Queremos entender o que podemos aprender com essas histórias ou apenas curtir vê-las em um programa de TV, sem que pareçam algo distante de nós, mesmo que tenham acontecido há 2000 anos.
Você mencionou Judas. Ele tem um papel crucial na história. O que podemos esperar da sua interpretação do traidor? E você acredita que todos carregamos um pouco de Judas dentro de nós?
Dallans Jenkins: Sim. Judas é fascinante nesta temporada porque, mesmo sendo a temporada em que ele se afasta de Jesus, ainda mostramos o que se passa em seu coração e mente. Ele está muito confuso. Ele não entende. E acho que isso nos representa às vezes. Quando não entendemos algo ou alguém, simplesmente rejeitamos. Não buscamos um entendimento maior ou sequer consideramos que talvez sejamos nós os errados. Sempre pensamos: “Eu não entendo, então é culpa sua. Não consigo me conectar, então não posso confiar em você”. Acho que essa é uma lição importante: buscar compreender antes de rejeitar alguém.
“The Chosen” ressoa tanto com fiéis quanto com ateus. Algumas pessoas que não acreditavam antes acabam se convertendo depois de assistir. Como você se sente em relação a esses testemunhos?
Dallans Jenkins: Bem, é maravilhoso ouvir quando alguém passa a conhecer, entender e até amar mais Jesus por causa da série. Se isso os leva a ler a Bíblia e aprender coisas que talvez não soubessem antes, é incrível. Mas, quando escrevo e dirijo, não penso nos resultados. Não penso no que o público vai achar, porque, se eu fizesse isso, poderia tentar evitar críticas ou buscar mais elogios e respeito. E isso seria a morte para um artista. Quero agradar a Deus, quero agradar minha esposa e quero fazer uma boa série. O que acontece no coração e na mente do espectador será diferente para cada um. E isso não é minha responsabilidade. Isso é entre eles e Deus. Então eu apenas convido você a assistir, e é isso. O que acontece depois e como você responde a isso não cabe a mim decidir.
Você tem alguma opinião impopular sobre o cristianismo? Algo que a maioria das pessoas discorda de você.
Dallans Jenkins: Sempre há algo na nossa série com que alguém vai discordar. Em todo episódio temos católicos, protestantes, mórmons, ortodoxos gregos e até ateus assistindo. Eu não vejo a religião da forma tradicional. A religião, às vezes, é algo criado pelo homem, uma tentativa da humanidade de alcançar Deus. Mas eu acredito que Deus é quem está nos alcançando. Ele não precisa da estrutura da religião organizada criada pelos homens. Ele quer nossos corações e um relacionamento pessoal. Isso pode ser controverso para algumas pessoas porque eu vou à igreja, amo minha fé e minha igreja, mas Deus quer meu coração. Então acredito mais em um relacionamento pessoal com Jesus do que em uma estrutura religiosa formal, se isso faz sentido.
Algumas pessoas estranharam o fato de nem todos da equipe da série serem cristãos. O quão importante é para você reunir essas pessoas e priorizar o trabalho acima de tudo?
Dallans Jenkins: No final, sou eu o responsável pelo conteúdo, e ninguém interfere nele. Mas qualquer pessoa que queira trabalhar duro para este projeto é bem-vinda. Nos EUA, temos algo chamado “teste de pureza religiosa”, que determina se alguém se encaixa ou não em certos grupos religiosos. Eu não faço isso. Todos são bem-vindos para ajudar a contar essas histórias. E o que Deus faz no coração de cada um ao assistir não depende de mim.
Confira a entrevista em vídeo:
Publicar comentário