A próxima consulta será diferente: a startup que leva a AI para os médicos
A Voa Health — uma startup que usa inteligência artificial para ajudar no trabalho dos médicos — acaba de fechar uma rodada com a Prosus, a gigante holandesa de tecnologia que controla o iFood.
A captação foi de US$ 3 milhões e o valuation ficou “acima de R$ 100 milhões,” o cofundador Fillipe Loures disse ao Brazil Journal.
Todo o aporte foi feito pela Prosus Ventures, o braço de VC da companhia, que fez outro investimento no Brasil no mês passado, liderando o seed da Advolve.ai. O aporte na Advolve.ai foi o primeiro da Prosus Ventures na América Latina.
A Voa foi fundada em 2023 por dois médicos: Fillipe, um ex-médico de família que foi diretor clínico da EuSaúde; e Solano Todeschini, que também se formou em medicina mas depois se especializou em inteligência artificial trabalhando com data science.
O primeiro produto da Voa é um agente de AI que ajuda os médicos a preencher o prontuário dos pacientes — um trabalho operacional que segundo a Voa ocupa 50% do tempo da consulta e toma mais de 25 horas da semana do médico.
“As tarefas burocráticas, entre elas o preenchimento dos prontuários, também são a principal causa de burnout dos médicos,” disse Fillipe, citando um estudo da empresa de pesquisas Medscape.
O agente de AI da Voa funciona com base nas gravações das consultas.
O software faz a transcrição em tempo real do áudio da consulta e permite que o médico suba também os PDFs com os resultados dos exames. Com essas informações, o agente de AI gera um registro de todas as queixas do paciente de forma estruturada – anamnese, no jargão médico.
Hoje, o médico ainda tem que copiar e colar esse registro no prontuário eletrônico, mas a Voa em breve vai queimar essa etapa, integrando seu software com os principais prontuários eletrônicos do mercado.
“Com o nosso software, uma consulta que demora 30 minutos pode ser feita em 20, e o médico vai poder usar esse tempo extra para atender mais pacientes ou dar mais atenção aos que já atende,” disse o cofundador.
Fillipe disse que o software ainda comete pequenos erros — e que é responsabilidade do médico conferir as informações. “Mas isso é cada vez menos frequente; a maior parte, uns 85%, não precisa de correção,” disse ele. “E mesmo com essa conferência reduzimos muito o trabalho dos médicos. Fazemos 95% do trabalho e ele, só 5%.”
A Voa já tem mais de 20.000 médicos cadastrados na plataforma, com 600 pagando a versão premium. (Na versão gratuita, o médico pode usar o software apenas 10 vezes por mês).
A expectativa do fundador é chegar a dezembro com 3 mil pagantes e um ARR (a receita do mês anualizada) de R$ 12 milhões. Em 18 meses, a meta é atingir um ARR de R$ 15 milhões com 8 mil assinantes.
A startup também já começou a explorar o B2B, fechando contratos com hospitais e operadoras que assinam o software e oferecem como benefício para os médicos.
A Voa já assinou contrato com três Unimeds e está em negociação com outras (a meta é chegar a 15) e outros players do setor. “Mas nosso foco principal sempre vai ser atender os médicos diretamente. No B2B você ganha volume, mas o tíquete e as margens são menores, e é mais difícil de operar,” disse ele.
O próximo passo da Voa será lançar outras soluções para aumentar a produtividade dos médicos, da pré-consulta à pós-consulta.
Segundo Fillipe, o próximo produto da startup será um agente de AI para ajudar o médico nos casos clínicos.
“Vai ser um agente que interage com o médico, respondendo dúvidas e executando tarefas,” disse o empreendedor. “O médico pode perguntar, por exemplo, qual o melhor medicamento para os sintomas do paciente, ou pedir ao agente de AI gerar uma lista de orientações. Vai ser como um assistente do médico para tudo que ele precisa.”
A Voa já começou o desenvolvimento desse produto e tem feito testes com clientes selecionados. Inicialmente o produto será gratuito, mas provavelmente a monetização será igual à do software de prontuário, no modelo freemium.
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