Ucrânia e Rússia trocam ataques a noite após ligação entre Putin e Trump

Ucrânia e Rússia trocaram ataques aéreos durante esta noite, poucas horas depois que o governo russo concordou em interromper temporariamente os ataques a alvos de infraestrutura de energia, mas não chegou a assinar um cessar-fogo mais amplo buscado pelos EUA.

O presidente Vladimir Putin e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falaram por telefone na terça-feira (18), com o líder russo não concordando com a trégua de 30 dias que o presidente americano endossou e a Ucrânia concordou.

A Casa Branca declarou que uma pausa mais estreita no ataque a alvos de energia entraria em vigor seguida por negociações sobre um cessar-fogo mais amplo.

Zelensky afirmou que, embora Kiev apoiasse a pausa nos ataques a alvos de energia, ele queria saber os detalhes por trás da proposta e argumentou que a Rússia “não estava pronta para um cessar-fogo”.

Ele também disse que espera falar com Trump para saber mais detalhes sobre o telefonema com Putin.

“Hoje, Putin rejeitou essencialmente a proposta de um cessar-fogo abrangente. Seria correto para o mundo rejeitar quaisquer tentativas de Putin de prolongar a guerra”, expressou o ucraniano.

Mais conversas devem ser realizadas no domingo (23) em Jeddah, Arábia Saudita, afirmou o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio Steve Witkoff à Fox News na terça-feira.

Ataques continuam

Durante a noite, a Rússia atacou a Ucrânia com 145 drones, 2 mísseis balísticos e 4 mísseis antiaéreos, informou a Força Aérea da Ucrânia na manhã desta quarta-feira (19).

Os ataques tiveram como alvo as regiões de Sumy, Odesa, Poltava, Dnipropetrovsk, Kiev e Chernihiv. 72 drones foram abatidos, relatou a força aérea.

A infraestrutura civil foi atingida, incluindo um hospital na região oriental de Sumy e um sistema elétrico que alimenta as ferrovias na região central de Dnipropetrovsk, na Ucrânia, segundo autoridades e a empresa ferroviária estatal, Ukrzaliznytsya.

Partes da ferrovia ficaram sem energia, mas os trens estão funcionando conforme o planejado, comunicou a empresa.

Os ataques mataram uma pessoa e feriram 14 entre terça e quarta-feira, conforme contagem da CNN de números de vítimas compartilhada por autoridades ucranianas.

“São esses tipos de ataques noturnos da Rússia que destroem nosso setor de energia, nossa infraestrutura e a vida normal dos ucranianos”, falou o presidente Volodymyr Zelensky na rede de mensagens Telegram. “O fato de que esta noite não é exceção mostra que a pressão sobre a Rússia deve continuar em prol da paz.”

Enquanto isso, o ministério da defesa russo declarou nesta quarta-feira (19) que havia derrubado 57 drones lançados pela Ucrânia durante a noite, com 35 deles interceptados e destruídos na região da fronteira de Kursk.

Autoridades na região de Krasnodar, no sul da Rússia, relataram que um drone ucraniano causou um incêndio em um depósito de petróleo perto da vila de Kavkazskaya, informou a Reuters.

Na manhã desta quarta-feira, mais de 200 pessoas estavam no local trabalhando para extinguir o incêndio, contaram autoridades russas.

Putin anunciou a interrupção dos ataques à infraestrutura de energia na terça-feira após sua longa ligação com Trump. “Vladimir Putin respondeu positivamente a esta iniciativa e imediatamente deu aos militares russos a ordem correspondente”, disse uma leitura do Kremlin.

Como parte de suas demandas por um cessar-fogo mais amplo, o comunicado de Moscou estabeleceu várias condições difíceis que o líder russo havia insistido anteriormente – como a interrupção de toda ajuda militar estrangeira e inteligência para Kiev, e a interrupção de qualquer mobilização ou rearmamento ucraniano durante esse período.

Uma troca de prisioneiros que deve ocorrer nesta quarta-feira terá 175 pessoas voltando nos dois lados, conforme o comunicado do Kremlin.

Além disso, a declaração pontuou que 23 soldados ucranianos gravemente feridos também seriam transferidos.

Zelensky disse na terça-feira (18) que esta foi “uma troca pré-arranjada. Mas, em qualquer caso, as trocas são ótimas para a Ucrânia”.