Chá de Picão-preto: benefícios e precauções no uso dessa planta medicinal
O uso de plantas medicinais tem ganhado destaque nos tratamentos de saúde, e o picão-preto, também conhecido cientificamente como Bidens pilosa, é um exemplo dessa tradição popular.
Com propriedades anti-inflamatórias e hepatoprotetoras, o picão-preto é utilizado em várias culturas para tratar problemas no fígado e auxiliar no combate a infecções. No entanto, apesar dos benefícios, a segurança e os cuidados específicos no uso dessa planta devem ser levados em consideração. Saiba mais sobre suas propriedades e cuidados ao consumir.
Efeitos anti-inflamatórios e antimicrobianos
Segundo Adriane Kulibaba, nutricionista clínica do Hospital Angelina Caron, o picão-preto é conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas, que resultam da ação de compostos bioativos presentes em diferentes partes da planta. “Os poliacetilenos, flavonoides e ácidos fenólicos, entre outros compostos, desempenham um papel fundamental na ação antioxidante do picão-preto, o que o torna eficaz no combate a inflamações e microrganismos”, explica Kulibaba.
Na medicina tradicional, a planta tem sido utilizada para tratar doenças hepáticas e infecções, especialmente entre populações da Amazônia e Caribe.
Ainda segundo Kulibaba, esses compostos bioativos ajudam a bloquear a peroxidação lipídica e a proteger o tecido hepático de danos causados por agentes externos, como toxinas. “Estudos indicam que os flavonoides e outros antioxidantes presentes na planta podem preservar a integridade das células hepáticas, evitando a degradação do DNA e reduzindo a elevação das transaminases séricas”, acrescenta.
Proteção e regeneração hepática
Aline Bittencourt, nutricionista e professora da pós-graduação da Faculdade Caduceu (RS), ressalta que o picão-preto apresenta promissores efeitos hepatoprotetores. “Os antioxidantes da planta ajudam a proteger as células hepáticas contra substâncias tóxicas, e há indícios de que favoreçam a regeneração celular em casos de lesões hepáticas”, afirma Bittencourt.
Ela alerta, contudo, que os estudos ainda estão em fase experimental e foram, em grande parte, realizados em animais, o que significa que é preciso cautela ao extrapolar esses efeitos para humanos.
Além disso, o picão-preto tem sido comparado a outras plantas com propriedades similares, como o cardo-mariano (Silybum marianum), que possui evidências científicas mais consolidadas sobre seu efeito protetor do fígado. “Enquanto o cardo-mariano é amplamente estudado em humanos, o picão-preto ainda necessita de mais pesquisas para confirmar sua segurança e eficácia”, acrescenta Bittencourt.
Cuidados no uso e contraindicações
Embora o picão-preto seja utilizado na medicina popular, seu uso requer atenção em alguns casos. “A planta pode causar irritação na mucosa gástrica e intestinal se consumida em altas doses, provocando náuseas, cólicas e até diarreia”, adverte Kulibaba.
Ela destaca que o uso do picão-preto não é indicado para gestantes, lactantes, menores de 18 anos e pessoas com sensibilidade a algum dos compostos da planta ou de outras espécies da família Asteraceae. Além disso, a bebida pode interagir com medicamentos, especialmente os que afetam a coagulação, podendo potencializar seus efeitos.
A especialista também reforça a importância de se limitar a quantidade diária para evitar efeitos adversos. “Para quem opta pelo consumo do chá, é indicado não ultrapassar duas a três xícaras por dia e iniciar com doses menores para avaliar a tolerância”, recomenda.
Preparo ideal para conservar os benefícios
Para obter o máximo de benefícios dessa erva, o preparo correto da infusão é fundamental. Segundo as especialistas, a recomendação é utilizar de 1 a 2 colheres de sopa das partes aéreas da planta em uma xícara de água quente. “O ideal é deixar a planta em infusão por 10 a 15 minutos e depois coar o chá”, orienta Bittencourt, ressaltando que esse tempo é essencial para extrair os compostos bioativos sem perder as propriedades da planta.
Em algumas culturas, as folhas do picão-preto são incorporadas a preparos culinários, mas a segurança desse uso não está plenamente comprovada.
“Até o momento, recomenda-se que o consumo seja feito apenas na forma de chá, pois os estudos ainda se concentram em suas propriedades medicinais”, conclui Bittencourt.
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