Pfeifer: Brasil depende dos EUA para tecnologia de defesa

A relação entre Brasil e Estados Unidos enfrenta novos desafios diante da mudança na política externa americana sob o governo de Donald Trump. Alberto Pfeifer, coordenador de Estratégia Internacional do DSI-USP, analisa o cenário complexo que exige uma postura mais assertiva da diplomacia brasileira.

Trump representa uma ruptura na postura externa dos Estados Unidos, abandonando o papel de campeão do multilateralismo e protetor da ordem liberal internacional. Com o slogan “Make America Great Again”, os EUA adotam uma abordagem que prioriza os interesses nacionais e as relações bilaterais.

Neste contexto, o Brasil assume um papel de destaque como principal parceiro no hemisfério americano. Pfeifer ressalta: “O Brasil é o maior país da América do Sul, é a segunda economia das Américas, mas que tudo o Brasil, por ser o grande país sul-americano, controla um espaço geográfico de interesse dos Estados Unidos”.

Interdependência econômica e tecnológica

A relação bilateral é marcada por uma interdependência econômica, com comércio cruzado e investimentos mútuos. Contudo, o especialista alerta para a necessidade de o Brasil adotar uma posição mais assertiva para evitar possíveis retaliações americanas.

Um ponto crucial nessa relação é a dependência tecnológica do Brasil em relação aos EUA, especialmente no setor de defesa. Pfeifer explica: “O padrão tecnológico das Forças Armadas brasileira é americano e não há como se mudar isso rapidamente”.

Desafios diplomáticos para o Brasil

O governo brasileiro enfrenta um dilema diplomático, precisando equilibrar suas relações internacionais. Com a realização de dois grandes eventos internacionais no Brasil este ano – a cúpula do Brics em junho e a COP30 em novembro – o país precisa definir sua posição em relação aos Estados Unidos.

Pfeifer conclui que o Brasil terá que fazer uma escolha clara em algum momento deste ano: “Se estará do lado dos Estados Unidos ou estará vulnerável a alguma retaliação americana”. Esta decisão será crucial para garantir o sucesso dos eventos internacionais e manter a normalidade nas relações com os Estados Unidos, um parceiro estratégico para o Brasil.

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