“Equipe toda chorava“, diz diretora sobre filmagens de “Bateau Mouche“
A nova série documental “Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça”, baseada em uma tragédia real, estreia na plataforma de streaming Max nesta terça-feira (18). Ao todo, serão três episódios lançados toda terça-feira, às 21h.
Em entrevista à CNN, diretores e produtores da nova obra contaram em detalhes os desafios de se dar foco às histórias das vítimas da tragédia. Filmada no Rio de Janeiro, a produção revisita o impacto do naufrágio por meio de imagens de arquivo e mais de 30 entrevistas exclusivas com sobreviventes, familiares das vítimas, advogados, especialistas e pescadores envolvidos no resgate.
“No âmbito pessoal é doloroso, porque a gente está ouvindo histórias muito tristes, devastadoras”, contou Tatiana Issa, diretora e produtora do documentário, também responsável por “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez”. “No ponto de vista do sentimento, do que essas famílias passaram, é muito duro, você está ali entrevistando todos eles e ouvindo tudo, aquilo é doloroso, é difícil”, complementou.
A cineasta ressaltou, então, que houve muito foco da equipe em “cuidar” dos entrevistados.
“Você tem que acolher muito aquelas pessoas e a gente desempenhava um papel muito acolhedor, eles se sentiam seguros conosco. Nossa equipe era muito cuidadosa e carinhosa, todos. A gente entende que eles estão abrindo feridas muito profundas, não é fácil a gente falar, né, sobre o que passamos na vida e no caso deles, que passaram por coisas tão brutais, é ainda mais”, relatou ela.
“Quando você senta na frente do Boris, por exemplo, que perdeu o filho e a esposa é devastador ouvir. O depoimento do Bernardo também, que perdeu a mãe, a Yara Amaral, é muito triste. A equipe toda chorava.”
Junto a Guto Barra, diretor e produtor da produção que também atuou em “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez”, Tatiana ainda refletiu sobre os desafios de não ir além do limite na dramatização e trazer um resultado que fosse “respeitoso” a todas as vítimas.
“Era importante que as filmagens ficassem respeitosas aos familiares e às vítimas. Que elas tivessem bom gosto. Que fossem delicadas, apesar de ser difícil, com quem viveu aquilo”, explicou Tatiana.
Guto, por sua vez, ressaltou como era “muito importante a gente conseguir fazer isso da maneira certa”.
“Não podíamos ocupar um espaço de dramatização, de algo novelesco. Então, assim, encontrar essa fórmula foi uma coisa muito difícil. A gente teve uma equipe incrível que colaborou muito no processo todo. Ficamos bem felizes com o resultado, acho que conseguimos passar a emoção e também os pontos de importância da história, mas sem espetacularizar demais, sem chegar num lugar que desmerece a a parte documental”, concluiu o diretor.
Entre os depoimentos inéditos da série documental, estão os relatos de Fátima Bernardes, Malu Mader e Bernardo Amaral, filho de Yara Amaral.
A produção também traz recriações detalhadas, realizadas tanto no mar quanto em um tanque projetado, com 40 metros de comprimento, 30 de largura e até 25 de profundidade.
O caso se tornou um símbolo da impunidade no país. Décadas depois da tragédia, nenhum dos envolvidos está preso e apenas uma família recebeu indenização.
“Quando a gente procura histórias relevantes a pergunta é ‘por que que a gente vai contar essa história agora? E por que que ela, essa história, pode gerar de discussão na sociedade?’ Quando a gente olhou para Bateau, a gente olhou muito num sentido que é diferente, não é o clássico que a gente está acostumado de assassinato, mas é com muitos crimes embutidos, né? De de diferentes tipos”, ressaltou Adriana Cechetti diretora de Produção e Desenvolvimento de Conteúdos de Não Ficção da Warner Bros. Discovery Brasil.
“E trazer uma história que aconteceu há mais de trinta anos, mas que ainda hoje é atual e que a gente imagina que irá gerar muitas discussões, é muito importante. Nosso inuito é sempre gerar conversa, chamar a atenção da sociedade para um ponto”, concluiu a profissional.
Assista ao trailer de “Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça”
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