Christopher Garman: Lula está disposto a negociar tarifas com os EUA
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva adota uma postura cautelosa em relação às tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio brasileiros, segundo análise de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group. A estratégia atual é buscar negociações para estabelecer cotas sobre produtos não fabricados em território americano, evitando uma retaliação imediata.
Garman destaca que esta abordagem segue o mesmo roteiro adotado em 2018, quando o governo Trump impôs tarifas semelhantes. No entanto, o analista alerta para possíveis complicações futuras na relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos.
Novos desafios à vista
Dois fatores principais podem intensificar as tensões comerciais. Primeiramente, há expectativa de que o governo Trump anuncie um novo pacote de tarifas em abril, baseado no princípio de reciprocidade. Este pacote pode afetar produtos brasileiros, já que o Brasil foi citado como exemplo de país que adota tarifas mais elevadas que os EUA.
O segundo fator é de natureza política. Garman aponta que dentro do Palácio do Planalto cresce a avaliação de que adotar uma retórica anti-americana e anti-Trump pode render dividendos eleitorais internamente, especialmente num contexto de queda na aprovação de Lula.
“Isso sugere que a reação do governo brasileiro a uma futura rodada de novas tarifas pode não ser tão comedida como a atual”, afirma Garman. O analista conclui que, considerando esses elementos, é possível antecipar um possível acirramento nas relações bilaterais e até mesmo alguma forma de retaliação brasileira no futuro próximo.
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