92% dos empresários dos EUA prevêem uma recessão; eram só 10% 6 meses atrás
A confiança dos CEOs americanos está mergulhando ainda mais rápido do que a queda no ânimo dos consumidores em relação à economia.
Na Yale CEO Caucus, uma conferência empresarial que ocorre a cada seis meses e reúne os líderes das maiores empresas americanas, o sentimento na semana passada era de revolta e desalento.
“Há uma repulsa generalizada contra as políticas econômicas de Trump,” disse ao Wall Street Journal o organizador do evento, Jeffrey Sonnenfeld, professor da Yale School of Management. “Eles estavam particularmente horrorizados com [as tarifas impostas contra] o Canadá.”
Na pesquisa feita junto aos praticantes da conferência, 92% disseram que esperam uma recessão.
Em setembro, no mesmo evento de Yale, o humor era outro. A sondagem feita com os participantes mostrou que 81% demonstravam surpresa com a força da economia e 84% esperavam um soft landing. Apenas 10% temiam uma recessão.
Em entrevista à CNBC, Sonnenfeld disse que os executivos demonstraram preocupação com as incertezas envolvendo a aplicação de tarifas e falaram sobre as dificuldades de ajustar suas cadeias de produção.
Participaram do encontro 100 CEOs. Entre os que responderam à pesquisa, 85% são contra a guerra tarifária de Trump, embora alguns apoiem barreiras seletivas.
A reportagem do Journal disse que esses comentários não apareceram nas manifestações públicas dos executivos, mas que, nos bastidores, o clima era de indignação.
Os executivos indicaram que vão aguardar uma deterioração mais severa da economia e uma correção mais acentuada na Bolsa antes de criticar publicamente o Presidente Trump.
Perguntados quanto a Bolsa teria que cair para eles se manifestarem, 44% deles disseram que seria necessária uma queda adicional de 20%.
Outros 22% disseram que fariam críticas se as ações tombarem mais 30%. Outros 10% teriam que ver uma derrocada extra de 50% antes de se pronunciar, enquanto 24% disseram que não faz parte do papel deles criticar o Governo.
“Fiquei impressionado com o temor das pessoas de falarem abertamente,” Bill George, ex-CEO da Medtronic, disse ao WSJ. “O mood mudou completamente. O que você escuta em público não é o que você ouve nas conversas privadas.”
Na semana passada, a pesquisa da Universidade de Michigan mostrou que a confiança dos consumidores caiu ao nível mais baixo desde 2022.
Joanne Hsu, a diretora da pesquisa, disse que as incertezas pesaram no sentimento da população – que está também mais preocupada com a alta dos preços.
A expectativa para inflação nos próximos 12 meses subiu para 4,9%, o maior número desde o final de 2022 e um aumento expressivo em relação aos 4,3% do levantamento anterior, há um mês.
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